No cenário atual de inovação tecnológica, a mineração de criptomoedas desperta questionamentos sobre seu verdadeiro peso ambiental. É hora de desmitificar crenças e evidenciar oportunidades de transformação.
Entre 2015 e 2023, o consumo global de energia da rede Bitcoin aumentou 34 vezes, atingindo 121 TWh por ano. Para entender essa magnitude, considere:
Esses números revelam que, apesar de expressivo, o consumo de energia da mineração de criptomoedas ainda é inferior ao da mineração de ouro e muito menor que o da indústria de papel. Isso desafia o mito de que esse setor seja o maior vilão energético.
A mineração de criptomoedas é responsável por cerca de 22 megatons de CO2 anuais, o equivalente a uma cidade de médio porte. Em 2022, as emissões chegaram a 114 milhões de toneladas de CO2, correspondendo a 49% dos impactos ambientais ligados ao valor gerado nos EUA.
Curiosamente, o mesmo investimento em energia solar reduz apenas 0,98 tCO2, e em eólica, 1,3 tCO2. Isso demonstra como tecnologias de blockchain podem ser aliadas na mitigação de emissões de carbono.
Além da energia, a mineração de criptomoedas impacta outros recursos vitais. O treinamento de grandes modelos de IA consumiu 700 mil litros de água potável para resfriamento, lembrando que as demandas hídricas do setor digital são pouco debatidas.
O descarte inadequado de hardware e a pressão sobre florestas tropicais evidenciam a necessidade de políticas e práticas responsáveis na cadeia de suprimentos.
Felizmente, o ritmo de adoção de fontes renováveis na mineração digital tem crescido. Em 2023, 56% da energia usada na mineração de Bitcoin veio de fontes limpas, segundo o Bitcoin Mining Council. Projetos alternativos, como o Ethereum 2.0, já empregam Proof of Stake, reduzindo drasticamente o consumo.
Essas mudanças tecnológicas impulsionam uma mineração mais eficiente e com menor pegada de carbono. A rede Bitcoin, mesmo mantendo o Proof of Work, vem otimizando seus algoritmos e hardware para diminuir o desperdício energético.
Algumas cidades mostram como equilibrar mineração e sustentabilidade. Em Plattsburgh (EUA), a moratória motivou debates comunitários sobre limites de consumo subsidiado. Já Kazuno (Japão) atrai mineradoras com energia limpa e regulamentação que favorece parcerias público-privadas.
No plano internacional, a ONU e a UNCTAD alertam para o impacto severo de IA e mineração de criptomoedas no meio ambiente. Relatórios apontam que países em desenvolvimento sofrem um “fardo desproporcional” de resíduos digitais e emissões, exigindo cooperação global.
Encarar de frente as verdades e desfazer mitos é fundamental para trilhar um caminho responsável. A indústria tem potencial para ser parte da solução, não apenas do problema.
Para isso, é essencial:
Ao adotar essas medidas, podemos transformar a mineração de criptomoedas em um modelo de desenvolvimento verde e inclusivo. O desafio está lançado: governos, empresas e usuários precisam colaborar para criar uma economia digital que respeite os limites do planeta e gere valor sustentável para todos.
Referências